PERCUSSÃO PARA BAILARINAS

Revised 23 / 10 / 2007

Este artigo é um excerto do encarte do meu DVD ‘Rhythms of the Nile/Drumming 4 Belly Dancers’ (‘Ritmos do Nilo/Percussão para Bailarinas de Dança Oriental’) que será lançado no final deste ano. Todavia, avanço com o artigo porque percebo que a procura por este tipo de informação é crescente, a julgar pela avalanche de cartas e e-mails que recebo de bailarinas e percussionistas de todo o Mundo. É baseado num artigo anterior chamado ‘Estive Lá, Fiz isso, Li o Livro, Vi o Filme e Comprei a T-shirt’, que se encontra disponível no meu site (www.hossamramzy.com).

Tendo tocado para bailarinas desde sempre, apercebi-me de algumas regras importantes que “um bom percussionista para bailarinas” deve seguir.

Para ser um bom percussionista para bailarinas, deverá entender o que é a Dança Egípcia/do Médio Oriente. A minha regra é a seguinte:

“A verdadeira arte da Dança Oriental é visualmente ouvir a música.”

2000 © Copyright Hossam Ramzy

O que é que isto quer dizer? Quer dizer que todo o som produzido numa música DEVE ser traduzido de forma tridimensional através do movimento da bailarina. Por exemplo, se toda a orquestra toca uma frase longa – sendo esta na introdução, no final ou no meio da composição – então a bailarina deve fazer movimentos expansivos no palco e usar mais o espaço disponível do que quando tem um músico a tocar a solo (sozinho).

Não vou tentar explicar às bailarinas que movimentos devem fazer ou alguma vez dizer a um percussionista que ritmos, ornamentações ou acentuações ele/ela deve tocar nessas situações. Devem ambos perceber se é um grande som produzido pela orquestra inteira ou um som menor de um solista e actuar de acordo com essa situação.

Esta regra trouxe luz a um estudo importante que tenho feito sobre tradução musical e que me tem levado a questionar-me “Como deve uma bailarina traduzir a música?” E sinto que muitas bailarinas, percussionistas e músicos também querem descobri-lo. Pensando um pouco sobre isto… Agora que TODOS chegámos à conclusão que é NOSSO DEVER educar o PÚBLICO, mostrando que a Dança Oriental não é uma forma barata de striptease, devemos também informá-los sobre isto.

Isto levou-me à descoberta de uma simples, mas poderosa, fórmula artística e científica para a interpretação musical:

E = E em tamanho e direcção.

2000 © Copyright Hossam Ramzy

O que é o 1º “E”?

É o som da música que você ouve. Seja de orquestra ou solista.

O que é o 2º “E”?

É o movimento que a bailarina faz em resposta ao som da música, que deve ser igual a este em extensão e tamanho. Deve também mudar de direcção sempre que o som da música sofre a mínima alteração. Para consegui-lo a bailarina deverá entender como as peças musicais são construídas. Em baixo está uma breve descrição da estrutura da música e de como deverá ser interpretada pela bailarina.

Enquanto percussionista, se você entender isto será capaz de compreender o que se espera da bailarina e, como consequência, saberá entre que tipo de sons poderá optar livremente quando está a tocar para uma bailarina.

Em qualquer composição musical temos quatro camadas básicas:

  • Ritmo
  • Melodia
  • Frase de orquestra
  • Harmonia

Vejamos uma de cada vez:

Ritmo:

Bailarinas e percussionistas já devem saber bastante acerca disto mas, caso contrário, deverão ler a primeira parte do encarte do meu DVD. Este é um workshop em DVD/Livro e CD sobre como aprender a tocar Ritmos Egípcios e os vários instrumentos de percussão como a Tabla, Rique, Duffs, Mazhar e Sagat (Zills). Escrevi-o e estou a filmá-lo e a editá-lo entre o Egipto e Inglaterra, enquanto lê este artigo. Este projecto será lançado pela ARC Music e terá a melhor qualidade de gravação, edição e apresentação, de acordo com o padrão Hossam Ramzy/ARC Music.

Melodia:

Melodia é o som que deriva de notas musicais tocadas uma depois da outra, numa sequência com um arranjo específico, com espaços de tempo entre cada nota de forma a criar uma frase musical.

No estilo musical egípcio e em muitos outros, a melodia é dividida e criada sob forma de pergunta e resposta (P&R). Um solista fará a pergunta e a orquestra tocará a resposta ou vice-versa. Dependendo do tipo de instrumento que faz a pergunta, as bailarinas podem e devem prever que tipo de movimento farão. Dividi os instrumentos solistas em três famílias e passo a explicar:

a. A família  Nay:

A família Nay inclui a flauta Nay e Kawala. Se deseja ouvir o som destes dois instrumentos, achará um bom exemplo no CD ‘Master of the Arabian Flute’ EUCD 1852, disponível no meu site www.hossamramzy.com.

A Full Set of 7 Nays

Quando a flauta Nay ou Kawala tocam, fazem principalmente um som longo, como um fôlego, por vezes assombroso, que é normalmente lento e linear na sua forma. Por vezes, quem toca Nay ou Kawala pode tocar rápido, separando notas, mas normalmente são instrumentos tocados de forma lenta. Então, esperamos ver a bailarina a executar movimentos lentos, alongados, ondulados e utilizando a altura, por vezes movimentos de braços abertos (“estilo – saudando os deuses no céu”) ou talvez até ajoelhando-se no chão enquanto o faz.

 

Ninguém espera ver uma bailarina a fazer shimmy ao som de um solo de Nay ou Kawala, a não ser que o músico esteja a tocar rapidamente, dividindo notas.

Então, quando tocar tabla para uma bailarina durante um solo de Nay ou Kawala, por favor opte por fazer o mínimo possível de ornamentos e pequenos truques, pura e simplesmente mantenha os ritmos.

 

b. A família do Alaúde/Qanun:

O Qanun é um instrumento com 87 cordas agrupadas em grupos de três. Faz um som “trrrrrrring” de cada vez que toca nas cordas. Por isso, se uma bailarina está a traduzir este som correctamente, deverá estar a fazer shimmy de forma a visualmente traduzir esse som para nós.

Como percussionista, deverá manter tudo o mais simples possível durante o solo de qanun, ornamentando no final de grupos de quatro e continuando a marcar o ritmo de forma segura mas atraente, deixando que o solista tenha algum espaço para respirar. Este é o solo dele, não o seu.

c. A família do meio

Vários outros instrumentos pertencem a esta imprevisível família. Podem ser tocados em legato, lentamente ou com sons longos, assim como em staccato, com sons curtos. Os instrumentos seguintes pertencem a esta categoria:

 

Sintetizador/Teclado – Este é um piano electrónico que pode simular os sons de vários dos instrumentos acima referidos ou sintetizar sons parecidos ou completamente diferentes.

Espera-se que a bailarina execute os movimentos de acordo com o som de cada um dos instrumentos acima referidos e a execução do solista. Se ele faz um som, ela move-se numa direcção com ele. Se ele muda de som de uma nota para a outra, quer seja forma RÁPIDA ou LENTA, ela deve mudar de direcção cada vez que ele mudar de notas.

Isto é o que E = E em tamanho e direcção 2000 © Copyright Hossam Ramzy quer dizer.

A expressão “ESTA MÚSICA TOCA-ME” é um exemplo disso mesmo. Nada mais, nada menos.

Pode ou não saber, mas sempre disse isto… Já vi mais bailarinas do que as que existem hoje no Planeta. O único tipo de bailarina que respeito é a que dança a música e a retrata a 100%. De outra forma não é dançar. É outra coisa qualquer para a qual não tenho nome.

Muitas bailarinas me têm perguntado: “O que pensa do estilo de Dança Oriental de (um qualquer país)?” A minha resposta é sempre:

  • “Esse ‘suposto estilo’ retrata a música a 100% de uma forma 3D?”
  • “TODAS as bailarinas desse país dançam o mesmo estilo?”

Se a resposta é não, então não penso nada sobre o estilo da dança nesse “país” e esse suposto estilo não pode ser apelidado como estilo do que quer que seja. Nem mesmo no Egipto. Tenho visto bailarinas no Egipto cuja dança nada tem a ver com a música que deveriam estar a dançar.

No entanto, voltando ao assunto do momento que é: Compreender o que o percussionista espera de uma bailarina. Gostaria de acrescentar que, cada vez que um destes instrumentos é tocado a solo, como percussionista que é, deve esperar que a bailarina exprima o som de UM membro da banda, dançando de forma a utilizar menos espaço do que com a ORQUESTRA TODA, não utilizando o palco para criar grandes movimentos com formas expansivas. Isto é o que faz a diferença ao criar uma forma 3D do som de uma música.

A regra é simples: E = E em tamanho e direcção. 2000 © Copyright Hossam Ramzy

Quando a ORQUESTRA INTEIRA está a tocar, é esperado que a bailarina utilize uma área maior do palco e que crie grandes ondas de movimento, fazendo a sua coreografia parecer tão grande como o som da orquestra.

Quando um solista está tocar, a bailarina deve fazer o oposto. O mesmo se aplica ao percussionista. Quando a orquestra inteira está a tocar, abra a sua performance, floresça com grandes movimentos e acentue as grandes acentuações da orquestração. Dê apoio à bailarina nos seus grandes movimentos. Quando o solista toca, então recue bastante. Mantenha a métrica do ritmo-base. Faça os floreados apenas no final da frase e faça O SOLISTA parecer ESPECTACULAR para a bailarina e para o público. Certifique-se que a bailarina tem a oportunidade de apreciar o solo e, em contrapartida, ela apresentará um momento inspirador através dos seus movimentos. Isto ajudará a bailarina a fazer menos, uma vez que VOCÊ é o seu guia de volume dos movimentos. Resumindo: deve ajudar a criar a magia para que faça parte da magia.

Se não o fizer, a sua performance (por melhor e mais encantadora que possa ser) será uma distracção para a bailarina e para o público. Ela não estará concentrada no som do solista e tudo vai parecer uma confusão. Enquanto Tabbal, o seu papel é simples e claro. Mantenha o ritmo e a métrica, para que os músicos possam tocar a música por cima. Desta forma, a bailarina vai entender a música e o ritmo e será capaz de traduzir isso em 3D. Quão rápido consegue tocar esta ou aquela peça musical é irrelevante. Nós sabemos que consegue. De que forma consegue tornar aquela música complexa é um problema seu.

Mantenha o ritmo e a métrica da música. Este é o papel do percussionista.

Como percussionista vai perguntar PORQUÊ? Bem, sabe, o solista vai tocar dentro e fora de tempo, vai alongar ou encurtar uma nota e levanta voo numa viagem enquanto aprecia o momento e a forma 3D do seu som produzida pela bailarina. VOCÊ é aquele que diz a AMBOS (solista e bailarina), assim como ao resto da orquestra: Aqui está uma versão maravilhosa de 1,2,3,4 do ritmo, mas olhem para a bailarina… Como ela interpreta o solo tão bem… E agora: AQUI é quando o solo acaba e AGORA é o início da próxima frase que deve tocar.

O papel da bailarina é dizer ao público com os seus movimentos:

  • Isto é o som da ORQUESTRA INTEIRA em 3D.
    e
  • Isto é o som do SOLISTA em 3D.

Você é o arquitecto desta imagem. Diz a TODOS, orquestra, solistas, bailarina e público:

  • Este é o tamanho de cada parte da música.
  • A escala deste mapa é ….
    e
  • É VOCÊ (o percussionista) que traduz esse mapa para todos eles e fá-los entender a dimensão da pirâmide de som que está a ser criada.

Se uma bailarina sente que precisa de praticar a tradução dos vários sons dos diversos instrumentos a solo, de forma a entender a várias formas que existem de um solista tocar, para isso produzi dois álbuns:

– ‘Source of Fire’ EUCD 1305 &

– ‘Secrets of the Eye’ EUCD 1554

de forma a apresentar as diversas maneiras de interpretar estes instrumentos e ajudar as bailarinas a acostumarem-se a eles em performance.

Agora pode perguntar-me:

O que deve a bailarina fazer durante as Respostas de Orquestra, na parte de Pergunta & Resposta da melodia?

É o dever da bailarina retratar a diferença entre os sons na música. O solista está a tocar a sua frase e depois a orquestra responde-lhe. Aqui é altura em que a bailarina deve fazer movimentos maiores de acordo com a frase melódica da resposta da orquestra de forma E = E em tamanho e direcção. 2000 © Copyright Hossam Ramzy

Isto é para reflectir, retratar e 3DIMENCIONALIZAR 2000 © Copyright Hossam Ramzy  essas respostas. No entanto, movimentos nas respostas não devem ser tão grandes como aqueles feitos durante o LAZMAH, as frases de orquestra depois da P&R da melodia.

Deverá ser maior que o movimento para o solista e exprimir a diferença de sons através do movimento.

Então o que é o Lazmah? É uma frase de orquestra/orquestração. Seja curta ou longa.

  1. Frases de orquestra, O LAZMAH:

Estas frases ocorrem no início de uma composição; ou no meio, entre estrofes; ou ainda para responder ao solista numa P&R entre solista e orquestra ou até entre um solista e outro. Como quando, por exemplo, a Nay pergunta e o Qanun responde.

Se o Lazmah está a ser tocado pela orquestra inteira em uníssono ou com vários arranjos pelas várias secções da orquestra (e, claro, dependendo do tamanho da orquestra), a bailarina deve assumir a totalidade do palco ou a parte dele que tem disponível. Este é o momento da composição em que a bailarina tem total liberdade para explorar o espaço e para criar grandes movimentos, que retratem o som musical criado por um grande número de músicos.

  1. Harmonia:

Harmonia é um som musical que segue a melodia principal. É tocada como segunda ou terceira camada de som, seguindo de perto e em paralelo a melodia. Por vezes, a Harmonia pode movimentar-se contra ou em oposição à melodia principal (musicalmente falando) para criar profundidade no som e produzir a diversidade extra que pode ser chamada de “Contra-Harmonia”. Mas não compliquemos as coisas mais do que necessário.

Os músicos não esperam que as bailarinas traduzam a harmonia. No entanto, quando a harmonia conquista e se sobrepõe à melodia, de tempos a tempos, numa peça de música, a bailarina deve tomá-la como parte principal da música a ser traduzida e apresentá-la ao público.

Um excelente exemplo de seguir a harmonia está claramente expresso no nosso DVD ‘Visual Melodies’ 2000 © Copyright Hossam Ramzy.  Na música ‘We Maly Bas’.

Aqui, na repetição da segunda estrofe, fiz com que os violinos espelhassem o solo do qanun e tomassem conta do som. Nessa altura, Serena coreografou a orquestração da harmonia e retratou-a de forma a torná-la a parte principal da melodia na repetição da segunda estrofe. Depois, quando o solo volta com o qanun, Serena voltou a assumir o E = E 2000 © Copyright Hossam Ramzy.

A composição musical 100% retratada e 3 Dimensionalizada. 2000 © Copyright Hossam Ramzy

Tendo explorado vários tipos de traduções musicais que os músicos podem esperar da bailarina, esta questão veio-me sempre à ideia: “Como devem os músicos apoiar as bailarinas durante a sua performance?”

 

Pessoalmente, acredito que é MEU DEVER como percussionista fazer com que cada frase rítmica seja compreensível para a bailarina e para a orquestra (incluindo os solistas) assim como para o público. Tenho de fazer com que TODOS eles saibam onde está cada compasso na música e onde vai começar o próximo grupo de quatro compassos. Previsibilidade é o melhor meio de garantir que todos sentirão o mesmo entusiasmo.

Música para dançar é criada em grupos de 4 compassos. Mesmo que o ritmo não seja em 4/4, as frases musicais mudam ou repetem-se em grupos de quatro. Ocasionalmente podem ser em grupos de dois ou com um compasso extra, mas isso não é comum e é feito para acrescentar uma frase complementar, que faça sobressair o significado ou acrescente um final ao som anterior.

É tarefa do percussionista manter o tempo do ritmo e informar todos os elementos da banda, incluindo a bailarina, onde as mudanças musicais devem acontecer. Em Árabe, o percussionista é CHAMADO ‘Daubet Al Iqaa’ – “O controlador da pulsação e das batidas na música”. Por isso, faça o seu trabalho. Maravilhosamente.

A dança é “O último instrumento da banda”.

O percussionista deve criar uniformidade – som musical caracterizado por regularmente produzir acentuações – para a orquestra sobrepor as suas melodias, dentro e fora da uniformidade. Uma vez atingido isto, ele/ela tem permissão para criar ornamentações no ritmo e acentuar os vários passos estéticos da bailarina enquanto esta 3 Dimensionaliza 2000 © Copyright Hossam Ramzy  a música.

As bailarinas produzem as mais variadas formas e acentuações com os seus movimentos, divididos em várias contagens e de acordo com o número de batidas no compasso de ritmo da música.

Espera-se que o percussionista realce ainda mais a força da bailarina quando esta faz as suas maiores acentuações. Ele/ela pode acentuar com um ‘slap’ (sakkah) ou, se for numa parte suave da música, através de um ‘tick’.

Nas partes da orquestra, como a introdução, pessoalmente gosto de tocar da forma mais uniforme possível, mantendo o ritmo limpo e claro e colocando decorações apenas onde a música o exige. Isto mantém a frase compreensível a todos os membros da banda e garante que, quando quero adicionar algo extra, como um rufo ou uma frase decorativa, vai ser ouvido e apreciado. Depois da grande introdução vem a secção de pergunta e resposta. Nesta parte, gosto de perceber profundamente a pergunta e a resposta e também a intenção do compositor, se não for eu. Gosto de saber primeiro que tudo:

Quem está a fazer a pergunta? É o solista ou a orquestra?

Quem está a responder? É o solista ou a orquestra?

Que solista está a tocar? É Nay? Acordeão? Violino? Qanun? Trompete? Saxofone? Teclado? Alaúde?

Quão longa é a pergunta? E quão longa é a resposta? Preciso de preencher alguma lacuna que é deixada na pergunta ou na resposta?

Sendo a pergunta longa ou curta, vai perceber que a resposta completa um ciclo de ritmo para aquela pergunta. Se não, tem licença para completá-lo. Mas faça-o com sensibilidade. Faça com que TODOS (orquestra, solista, bailarina e público) percebam quando a próxima frase supostamente deve começar.

Presto muita atenção ao facto de ter de respeitar o espaço do solista e deixar-lhe espaço suficiente para ser criativo enquanto, ao mesmo tempo, lhe dou o ritmo para que toque sobre este. Nunca tento sobrepor-me ao seu improviso só porque este me enche de alegria. Quando a orquestra responde com a secção de resposta, eu devo indicar e acentuar isso tocando o ritmo mais forte ou fazendo algumas decorações suaves. Verá que as secções de pergunta e resposta da música acontecem em grupos de quatro. Quatro perguntas e respostas, possivelmente quatro vezes. Os percussionistas têm de tornar claro para a bailarina qual das duas é a última. Além disso, terão de saber indicar à bailarina qual a última frase do grupo de quatro que ela está a dançar.

Por isso, para o percussionista também é E = E. 2000 © Copyright Hossam Ramzy

Quando a orquestra está a tocar uma grande introdução ou uma frase do meio, você toca forte, as suas decorações são maiores e toca mais alto (mas não insuportavelmente). Quando é a parte do solista, você toca mais calmamente, de forma a deixar espaço para o solista. Está apenas a marcar o ritmo para o solista e a bailarina, mantendo a uniformidade e a precisão.

  1. Primeira estrofe:

Isto será então a primeira estrofe (na canção e música árabe é chamada Math-Hab {o (Th) aqui pronuncia-se como DE}. Na gíria egípcia, é conhecida como MazHab, que quer dizer o começo ou a abertura da canção) ou, se for uma composição para dança, será a primeira mudança para outra parte, que podemos tratar como estrofe. O que se espera então? Espera-se outra versão de P&R entre solista e orquestra. E lidamos com isso tal como na secção da MELODIA. Isto porque numa canção, normalmente, o cantor canta parte de uma linha e a orquestra responde-lhe. Portanto é ao estilo P&R.

  1. Segundo Lazmah:

Tenho mesmo de voltar a explicar?

6a. Outra forma:

Depois da primeira estrofe a música pode não ir directamente para outro Lazmah, pode ir directamente para outra forma, tal como uma mudança de ritmo, uma mudança total de cor (como, por exemplo, de um som clássico para uma frase Saidi ou para outro estilo totalmente diferente). Isto depende do compositor.

Segunda estrofe:

Numa canção, depois do Lazmah chega a segunda estrofe, que é também outra P&R. Por isso, trate-a como tal.

Depois pode surgir outro Lazmah seguido de estrofe. E depois o final da canção ou, numa composição de dança, descobriremos outra cor e uma mudança total na ordem, seguida de outra mudança, até chegar a uma quebra na música para introduzir um Baladi Taqasim (Improviso Baladi) ou um Drum Solo (solo de percussão). E depois o final que está relacionado com a primeira introdução musical… As possibilidades são infinitas.

Mas sabe?… Uma performance excelente é um ESFORÇO DE GRUPO e não um espectáculo de uma pessoa só. Tanto a bailarina como o percussionista devem saber o que é suposto cada um fazer. Se toca percussão ou dança de forma a fazer com que você, e apenas você, pareça bem, acabará por revelar-se o desajustado do grupo.

O MELHOR PERCUSSIONISTA É AQUELE QUE OUVE.

A MELHOR BAILARINA É AQUELA QUE OUVE.

Com muito ritmo como sempre,

Hossam Ramzy

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